Escolhi não ter filhos

Saudações, amigos leitores e amigas leitoras!

Aos domingos eu costumo publicar meus podcasts aqui no blog, mas como hoje é Dia das Mães, decidi mudar um pouco. E então me deparei com esse baita texto do Guto Peretti, e resolvi publicá-lo aqui. Apreciem a leitura, e tenham todos um Feliz Dia das Mães!


Ter filhos não é uma obrigação, todo mundo tem o direito de não os ter. Mas não consigo deixar de me espantar com quem diz que escolheu não ter filhos.

E me espanto não por achar que a pessoa está se privando de viver experiências maravilhosas ou que vai deixar de experimentar o amor mais profundo. Isso é bastante espantoso sim, mas são razões egoístas e podem ser contra-argumentadas, já que é possível ter experiências e amores sem filhos.

O que não é óbvio e me causa espanto é que quem escolhe não ter filhos não percebe as consequências que isso pode ter.

Se fala muito de fazer o que se ama, seguir a sua vocação, fazer aquilo que é sua aptidão natural, que parece que nascemos para fazer. E considero a vocação um tema essencial para a nossa felicidade e saúde mental.

Mas o nosso corpo também tem uma vocação. Por toda a vida nós carregamos órgãos reprodutores e temos desejo sexual. Nosso corpo e nossos desejos apontam, evidenciam e até gritam por reprodução.

Assim como não atender à nossa vocação profissional vai gerar uma grande frustração quando estivermos velhos, não atender ao chamado do corpo também vai. E será muito maior, porque com o tempo, as conquistas profissionais vão perdendo a importância, e a família vai aumentando a importância.

No seu trabalho você era importante, paparicado e procurado. Mas a posição que você ocupava, que te dava status, foi ocupada por outra pessoa, dedicada e talentosa, e a empresa vai muito bem sem você. Agora você está em casa e ninguém te procura mais. Suas conquistas, que já foram motivo de orgulho, hoje geram até um pouco de ressentimento já que as pessoas usufruem delas sem te dar o crédito.

Mas para os seus filhos você nunca perdeu a importância. Se você foi uma boa mãe ou um bom pai, o amor deles por você continua intacto. Se você se dedicou e navegou bem no turbulento mar das relações familiares, vai receber muito amor na sua velhice. Essa é uma dedicação que costuma render bons frutos de satisfação na velhice.

Uma idosa que tem uma velhice digna, rodeado de filhos, netos e bisnetos, experimenta uma satisfação com a vida muito maior do que uma idosa que teve uma carreira brilhante e vive na sua mansão com seus gatos.

E por mais que muitas olhem para esse quadro com cinismo, dizendo que não se importam em ser essa idosa na mansão, eles carregam um medo. Porque as conquistas materiais são muito mais difíceis de conquistar e mais fáceis de perder do que uma família. Você pode passar a vida tentando ficar rica e não conseguir. E ainda assim, se conseguir, pode perder tudo em planos econômicos e desatinos políticos. Mas filhos, se você tentar, é bem provável que vai conseguir tê-los. E as chances de perde-los, embora existam, não são tão grandes assim. E você pode continuar buscando a riqueza, não precisa escolher entre um ou outro.

Esse medo da velhice pobre e solitária é latente, oculto. Ele pode ser encoberto com camadas de conquistas profissionais e financeiras, mas ele está lá. Soma-se a ele, a frustração de não dar netos aos pais, a falta de alegria na casa, o deslocamento com a fase da vida de amigos e primos que tiveram filhos, os estigmas e preconceitos sociais, e a estranha sensação de não passar seus genes adiante, de interromper um fluxo genético que vem de milhares de anos e parou em você e de não seguir a vocação do seu corpo. Tudo isso pode gerar consequências terríveis para a saúde mental, principalmente das mulheres.

Então pense bem antes de abrir mão da sua vocação biológica. Filhos não é algo que se “tem”, como um carro ou um gato. Ser pai ou mãe é algo que te torna participante da jornada da humanidade na Terra, e essa aventura com consequências imprevisíveis é o que faz a vida ser maravilhosa e surpreendente.

Feliz Dia das Mães 💖

Processando…
Sucesso! Você está na lista.

2 comentários em “Escolhi não ter filhos

    1. para os homens, o tempo ainda não é um inimigo tão grande. agora, para as mulheres, chega uma hora que é preciso escolher definitivamente se terá filhos ou não, e conviver com as consequências dessa escolha.

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